
Recebi de um querido amigo do Canadá um vídeo revelando as diferenças entre velho e idoso. Muito bem feito. Exemplos: idoso é quem ainda sente amor, velho é quem só sente saudades. Idoso é quem ainda se exercita, velho é quem apenas descansa e reclama. Com um belo fundo musical, todos nós nos sentimos idosos…por mais velhos que possamos ser.
Tenho, no entanto, algumas observações. Pra início de conversa, há controvérsias sobre quando é que nos tornamos idosos no Brasil. Pela Constituição Federal, a terceira idade tem início aos 65 anos. O Código Penal cita a idade de 70 anos. E, para a Política Nacional do Idoso, são 60 anos. Como eu já passei dos 60, dos 65 e até dos 70, para mim tanto faz. Tô enquadrado. Já os geriatras, sob o ponto de vista biológico, dividem o tempo de vida em primeira, segunda, terceira e quarta idade. A quarta vai dos 78 aos 105 anos.
O assunto me leva a uma conversa que tive com o meu filho em Aracaju. O papo foi sobre um volume que peguei em uma das suas muitas estantes, A Batalha dos Livros. A obra é do escritor, poeta, crítico literário e prosador satírico irlandês Jonathan Swift (1667-1745), o mesmo autor do conhecidíssimo As Viagens de Gulliver. Nele, o relato de uma batalha travada em uma biblioteca entre livros, autores, leitores e ainda com a participação de uma aranha e de uma abelha. A discussão era exatamente sobre os modernos e os antigos. Resumo da ópera: os antigos são os novos, pois viveram no início da humanidade, e os modernos são os antigos, pois exprimem o conhecimento acumulado desde o passado. Mutatis mutandis, nós somos os modernos. Assim, pelo sistema draconiano imaginado por um presidente, as crianças devem ficar em isolamento social e nós, os idosos, podemos sassaricar (de máscara) pelas ruas e barzinhos.
Em plena pandemia do Covid-19, com o presidente da República declarando que “cada família tem que botar o vovô e a vovó lá no canto e é isso aí”, eu, que sou até bisavô, só tenho dois caminhos. Pintar o cabelo e a barba de preto e esconder as rugas sob a máscara ou pinto o sete e vou internado de qualquer jeito.
Uma outra saída é torcer para, antes do coronavírus, pegar logo aquela doença do Benjamin Button, personagem do filme O Estranho Caso de Benjamim Button*, lançado em 2008 e baseado em um conto homônimo escrito em 1921 pelo F. Scott Fitzgerald.
Acabo de ver que um estudo realizado por uma equipe médica de Paris, chefiada pelo neurobiólogo Jean-Pierre Changeux, membro da Academia de Ciências da França e um dos mais premiados cientistas do mundo, revelou que os fumantes são menos atingidos pelo COVID-19. Pesquisadores trabalham com a hipótese que a nicotina poderia dificultar o contágio. Ou seja, nicotina mata até coronavírus.
* Para quem não leu o conto ou assistiu o filme, trata-se da história da vida de um homem que, com o passar dos anos, vai se rejuvenescendo até morrer de velho logo após seu nascimento.
A comparação entre o idoso e o velho é polêmica e tem várias versões. Como é, também, a definição de quem é velho. Israel Pinheiro, político mineiro, definiu velho àquele que tenha dez anos a mais que você
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