
Não sou epidemiologista e nem médico. Mas, como você, também sou capaz de tirar conclusões com base nos fatos e na lógica. Por exemplo, a flexibilização só deveria acontecer quando o número de infectados e mortos estivesse caindo ou, pelo menos, estacionado. Concorda? Mesmo sendo algo tão óbvio, o tema tem merecido inúmeras citações de cientistas e pesquisadores mundo afora.
Um recente trabalho, produzido pelo Imperial College of London, demonstrou que a aplicação do distanciamento social por diversos governos salvou mais de 3 milhões de pessoas em 11 países europeus atingidos pela Covid-19. Outro estudo, publicado este mês na revista Nature, indica que a adoção de medidas como o distanciamento social em países como a China, Irã, Itália, Coreia do Sul e EUA, conseguiram evitar mais de 500 milhões de novos casos da doença.
No Brasil, temos a opinião da epidemiologista da Fiocruz Lesem Orellana. Ela lamenta a condução do governo federal no combate à pandemia e informa que a crise sanitária está longe de passar. Por essa razão, considera que a flexibilização de medidas de isolamento não faz o menor sentido. O relaxamento das medidas neste momento é “completamente desconexo com todo o conhecimento científico acumulado sobre epidemiologia”.
Diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, Helena Sato declarou que nunca tinha visto um número de mortos tão alto em um prazo tão curto e nem tamanha resistência à ciência. Para ela, “a única vacina contra o coronavírus hoje é o isolamento social”.
A boa notícia é que a vacina contra a Covid-19, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, já está sendo produzida em massa em fábricas na Índia, Suíça, Noruega e também no Reio Unidos. Segundo a imprensa britânica, a imunização pode começar em setembro deste ano, quando devem ser divulgados os resultados dos testes com voluntários.
Pelo noticiário, estamos assistindo à flexibilização das medidas de isolamento em vários países. Em algumas cidades, o que vemos é uma abertura quase total. Na Suíça, estão abolindo até as máscaras. Confesso que até fiquei com inveja. Já pensou, encontrar os amigos à mesa do barzinho e jogar conversa fora? Ou poder ir trabalhar e promover meus eventos. Quem não gostaria?
Então, se a flexibilização acontece lá fora, por que não deveria acontecer aqui? Os países tiveram momentos e caminhos distintos durante a pandemia. Na Europa, o vírus chegou mais cedo. Algumas nações demoraram a implantar o isolamento e pagaram um alto preço. Mas a curva é descendente em quase todos os países europeus. Exceção para a Suécia, que não aplicou o distanciamento social. Hoje, a Suécia tem mais pessoas infectadas diariamente do que teve em março.
Exemplos:
A Itália teve 6.557 infectados no dia 21 de março. No dia 7 de junho, foram 197.
A Suíça contabilizou 1.447 infectados no dia 27 de março. No dia 7 de junho, foram 7.
A Alemanha registrou 6.294 pessoas infectadas no dia 28 de março. No dia 7, foram 301.
Para estes e outros países, a orientação de seus especialistas é que a população pode, com os cuidados de praxe, retornar às suas atividades. Mesmo assim, não significa que a vida voltou ao normal. Durante um bom tempo, limites serão impostos.
E o nosso Brasil? Qual foi o comportamento do vírus aqui no mesmo período?
No dia 31 de março, 1.136 pessoas foram infectadas. No dia 7 de junho, tivemos 18.912 brasileiros infectados pela Covid-19. Nem é preciso desenhar em que direção vai a curva.
Pela imprensa, vemos ruas e praças de cidades brasileiras apinhadas de gente. Mesmo com as máscaras, álcool gel, água e sabão, a transmissão corre solta. O principal instrumento para um combate efetivo à pandemia é testar a população. Mas o Brasil está entre os países que menos aplicou testes no mundo. Em alguns Estados, como Minas Gerais, é uma vergonha.
Veja:
– Sergipe, com uma população de 2 milhões, aplicou 20 mil testes
– Maranhão, com 6 milhões de habitantes, aplicou 66 mil testes.
– Minas Gerais, com mais de 20 milhões de habitantes, aplicou apenas 25 mil testes
Agora, mais do que nunca, a regra de ouro é, podendo, ficar em casa.
Para completar o triste quadro, o governo federal, por intermédio de um ministério da saúde sem ministro, tentou esconder a soma histórica dos nossos compatriotas infectados e falecidos pela doença. Não conseguiu. Instituições e organizações fortes, aqui e no exterior, desmascararam a farsa.
Estamos tentando passar pela maior crise de todos os tempos, com um presidente histriônico e inepto, para dizer o mínimo, e um general interino incompetente na pasta da saúde. Até quando?
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Apesar de mostrar números baixos de infectados e óbitos devido ao COVID, é muito provável que esses dados em Minas Gerais estejam bem defasados. O tempo nos dirá.
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