Animais salvos na Amazônia e outros pagando mico em Brasília

Animais amazônicos?

O governo federal continua pautando a imprensa internacional. Não há uma só semana sem duas e três bobagens. Às vezes, com declarações graves. Outras, apenas burrice. Nem chegamos na sexta-feira e o Festival de Besteira que Assola o País (termo criado em 1966 pelo escritor Sérgio Porto, o imortal Stanislaw Ponte Preta) já registrou várias desacertos (para gáudio dos correspondentes estrangeiros) de nossos governantes. 

Assim que o governo “descobriu” que o arroz, entre outros alimentos, havia subido de preço em até 40%, o ministério da Economia, por intermédio de um assessor, declarou que o motivo para o aumento é que “o auxílio emergencial aumentou a demanda e a população mais carente estava comprando mais comida”. A informação, embora incompleta, pode até ter um certo sentido. O motivo principal, no entanto, é que quase todo o arroz produzido no Brasil está sendo exportado. Em 2020, sua exportação teve um aumento de 169,5% em relação a 2019, com um total de 487,5 mil toneladas de arroz. Só o México acaba de importar 60 mil toneladas. Com o dólar a R$ 5,30, o produtor prefere buscar o mercado externo do que as prateleiras dos supermercados.

Então, qual foi o ato falho do eminente assessor do ministério da Economia? É que ele, depois de justificar o aumento do preço do arroz pelo consumo da população mais carente, emendou “mas, felizmente, este problema vai acabar e o preço voltará aos níveis anteriores”. Ou seja, quando terminar o auxílio emergencial, a população mais pobre deixará de comprar…alimento! Réu confesso, diria a Marcinha minha irmã.

Mais uma do governo. E agora, com as assinaturas do vice-presidente, o político Mourão (general é lá no quartel), e do campeão das besteiras governamentais, o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Os dois acabam de compartilhar um vídeo produzido por uma entidade ruralista intitulado “A Amazônia não está queimando”. Logo no início do vídeo, aparece o Mico Leão Dourado com o locutor (em inglês) “Você está sentindo cheiro de fumaça? Claro que não, pois a Amazônia não está queimando novamente”.

Duvida? Eu também duvidaria se não tivesse assistido. Você sentir ou não sentir cheiro de fumaça ao assistir um vídeo deve ser altíssima tecnologia. Nem o Facebook e o WhatsApp conseguiram tal façanha. Na verdade, a mentira começa no título, pois, segundo órgão do próprio governo, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi contabilizado 29.307 focos de calor no mês passado na Amazônia, um dos piores resultados nos últimos dez anos.

A maior besteira da dupla, do vice-presidente e do “passador de boiada” é acreditar, e divulgar em suas redes sociais, que o mico leão dourado mora na floresta amazônica. Eles não sabem que o charmoso animalzinho habita a Mata Atlântica. Talvez eles também não saibam que o leão (Panthera leo), que hoje pode ser encontrado na África subsaariana e na Ásia, já habitou as Américas, mas foi há 10 mil anos. Já o mico leão dourado nunca frequentou a Amazônia. Nem como turista.

A confusão não é apenas dos dois. Parece ser endêmica no governo Bolsonaro. Outro dia, o ministro das Comunicações (!?) Fábio Faria, em entrevista à CNN, declarou que “a Amazônia é composta por 87% de Mata Atlântica e os outros 13% correspondem às queimadas”. 

Na próxima reunião ministerial, e sem precisar utilizar palavrões como aconteceu em 22 de abril, o presidente poderia convidar um especialista (algum aluno do ensino médio) para explicar que a mata atlântica e a amazônica são biomas diferentes. O primeiro, localizado na faixa costeira do Sul e do Nordeste, e o segundo no interior do país, principalmente na região Norte. O jovem professor poderá, certamente, desenhar para o presidente, vice e seus ministros.

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Publicado por blogdocondearthur

Publicitário, jornalista e escritor

4 comentários em “Animais salvos na Amazônia e outros pagando mico em Brasília

  1. São coisas de arrepiar, essas besteiras que os membros do Governo Brasileiro divulgam e ainda postam nas redes sociais. Falta de preparo, educação, cultura e conhecimentos gerais sobre o próprio país!. Será que merecemos ter isso?

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  2. poisé, meu irmão e padim querido, réu confesso é o que não falta nesse governo. e eles não estão nem ai. como não estão aí os que deveriam puni-los. simplesmente ignoram ou fingem não ver. deixam falar e agir como querem. e, infelizmente, o povo brasileiro, principalmente os mais pobres é que pagam essa duríssima conta. sem dinheiro.
    muito bom o artigo. beijos!

    Curtido por 1 pessoa

  3. poisé, meu irmão e padim querido, réu confesso é o que não falta nesse governo. e eles não estão nem ai. como não estão aí os que deveriam puni-los. simplesmente ignoram ou fingem não ver. deixam falar e agir como querem. e, infelizmente, o povo brasileiro, principalmente os mais pobres é que pagam essa duríssima conta. sem dinheiro.
    muito bom o artigo. beijos!

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