
Por mau exemplo e destempero, deixo apenas o codinome: Chihuahua do Trump. Estamos prestes a conhecer o novo presidente dos EUA. Se repetir a dose (cavalar), o hóspede do planalto continuará o cachorrinho “papai mandou” de sempre. Se vencer, como espero, o mais ou menos democrata, ele se travesti naquele cachorro que corre atrás do caminhão de mudança. Para nosso desalento, o retrato do futuro ficou na fala, ontem (2/11), do presidente da Câmara Rodrigo Maia: “Estamos caminhando a passos largos para o precipício”.
No Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou que seu governo já assinou contratos com diversos laboratórios para a compra de 358 milhões de doses. Entre os laboratórios, a compra de 76 milhões de doses do canadense Medicago, de Quebec. Vale lembrar que a população do Canadá é de 38 milhões de pessoas. Segundo Trudeau, “a grande quantidade é uma apólice de seguro caso algumas das vacinas em desenvolvimento se mostrem ineficazes em testes clínicos”. Para financiar pesquisas médicas e ajudar a desenvolver e comprar mais vacinas, o governo destinou um adicional de US$ 5,4 bilhões (cerca de 30 bilhões de reais) para a Agência de Saúde Pública do Canadá.
Com uma população estimada em 211 milhões, o Brasil tem, segundo informa o Ministério da Saúde, contratos para a compra de 140 milhões de doses da vacina contra o coronavírus. O maior contrato (100 milhões de doses) é com a vacina de Oxford, cuja imunização será feita com duas doses por pessoa.
O grande exemplo, no entanto, vem de um país insular da Oceania, localizado no sudoeste do Oceano Pacífico e distante 4 mil Km da Austrália. Com uma população de pouco menos de 5 milhões de habitantes, a Nova Zelândia está entre os 10 países mais procurados pelos jovens brasileiros para intercâmbio estudantil. A hospitalidade e as políticas governamentais que incentivam o trabalho estrangeiro estão, ao lado de sua beleza natural, entre os principais atrativos para os intercambistas.
Durante a pandemia, a Nova Zelândia mostrou ao mundo ser possível controlar a infecção pela covid-19. Com medidas duras, como o confinamento (lockdown) e o fechamento das fronteiras, o governo conseguiu manter o coronavírus em seus níveis mais baixos. Quando em agosto surgiram 4 casos em Auckland, após 102 dias sem qualquer manifestação da doença no país, foi novamente decretado um lockdown de 3 dias na cidade. Hoje, oito meses após o primeiro caso, a Nova Zelândia contabiliza 1.968 infectados, 1.868 recuperados e 25 mortes.
O mérito do trabalho desenvolvido pelo governo neozelandês durante a pandemia deve-se a uma jovem de 40 anos, a primeira-ministra Jacinda Ardern. Ela acaba de ser reeleita pelo Partido Trabalhista para mais um mandato como chefe de governo. No combate ao coronavírus, ela priorizou a vida e a ciência. Como escreveu o colunista Jamil Chade: “A eleição de Jacinda é a derrota do ódio como política. Sua campanha é tão urgente como universal: o ódio precisa ser combatido e apenas o diálogo e a aceitação da diversidade podem trazer a paz social. Tão óbvio quando revolucionário, seu programa é uma antítese de tudo o que governos populistas, como o de Jair Bolsonaro, representam”.

Ao assumir o seu novo mandato, Jacinda Ardern nomeou Nanaia Mahuta como ministra de Relações Exteriores. Nanaia, membro do Parlamento desde 2008, pertence ao povo indígena Maori e é a primeira mulher no governo a usar o “moko kauae”, a tradicional tatuagem no queixo. Com as eleições, o novo parlamento neozelandês se tornou um dos mais diversos do mundo, sendo composto metade por mulheres e cerca de 10% dos parlamentares LGBTQ.
Ao comentar com a minha irmã sobre o trabalho desenvolvido pela primeira-ministra Jacinda Ardern, a Marcinha comentou que a cidade mineira de São Thomé das Letras não registrou, até agora, nenhum caso de infecção pela Covid-19. De fato, com cerca de 8 mil habitantes, São Thomé está entre as 10 cidades (dos 853 municípios mineiros) que não receberam a indesejada visita da doença. Em todo o Estado de Minas Gerais, somamos hoje 359.991 infectados e 9.015 mortes.
Mesmo sendo uma cidade turística, a prefeitura de São Thomé das Letras apostou na ciência e teve a coragem de isolar a cidade e proibir a entrada de visitantes desde o início da pandemia. Hoje, para um turista passar pelo município tem de preencher um formulário solicitando autorização com, no mínimo, 48h de antecedência.
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