
Não tenho lá muita afinidade com as chamadas Forças Armadas. Tive até um tio marechal, mas nunca fui muito chegado às fardas e aos militares. No entanto, sei que, conforme o artigo 142 da Constituição, elas destinam-se à defesa da Pátria, da lei e da ordem e à garantia dos poderes constitucionais. São pagos por nós, civis, para manter a defesa das instituições democráticas.
Como os militares têm, em tese, um sistema mais rígido de hierarquia e disciplina do que a sociedade civil, muitas vezes eles se esquecem que estão a serviço da população e do Estado democrático de direito.
Vamos aos fatos. O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz, declarou que “membros do lado podre das Forças Armadas estão envolvidos com falcatrua dentro do governo”. Para quem acompanhou a CPI, sabe que surgiram nomes de vários militares ligados ao ministério da Saúde no imbróglio na compra de vacinas. Se culpados ou não, veremos. Mas envolvidos, estão.
In continenti (não resisti), os comandantes da marinha, exército e aeronáutica distribuíram ontem uma nota à nação dizendo que “as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”. Ou seja, eles consideraram que a ofensa atingiu a todos e não só o “lado podre”. Ato falho? A fala do senador, ao contrário do que entenderam os comandantes fardados, foi em defesa das Forças Armadas, mostrando que, como acontece no poder civil, pode existir um lado podre.
A verdade é que os militares são useiros e vezeiros na defesa corporativa. Até mesmo com um capitão que ameaçou colocar bombas em quartéis…
O governo abriga na boquinha federal cerca de 6 mil militares. Muitos de altas patentes e até general da ativa. Vários estão sendo investigados, inclusive o general (da ativa) Eduardo Pazuello.
Aqui vai o meu primeiro conselho: se os comandantes das três forças armadas acreditam mesmo que o senador cometeu, em sua fala, um ato de injúria, calúnia ou difamação, só existe um caminho em um Estado democrático de direito: a justiça. Já que eles, os militares, existem para defender a lei e a ordem, deveriam recorrer aos mecanismos legais. E não soltar uma nota absurda e golpista com o nítido propósito de ameaçar. Ameaçar de quê? Já chega as ameaças de golpe do próprio capitão.
O segundo conselho é curto e grosso: chega de bravata! Tome tento!
Para terminar, as últimas do capitão.
Desorientado com as últimas pesquisas e com as denúncias de corrupção em seu governo, o meliante soltou hoje duas frases que devem merecer uma nota (de apoio?) dos comandantes militares a seu afilhado:
“Sem voto impresso, não vai ter eleições em 2022”
“Caguei para a CPI”
Em tempo: para mim, a fala do senador Omar Aziz foi em cima da bucha e na justiça não iria configurar coisa alguma.
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Seu tio marechal, que foi o primeiro presidente ( ou ditador ) do governo militar, e talvez por ser honesto tenha tido seu avião abatido numa colisão nunca bem explicada com um caça da Força Aérea, ficaria horrorizado se visse o envolvimento de membros das Forças Armadas na corrupção do governo atual…
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protesto! tio humberto já tinha perdido o pescoço bem antes de ser ditador.
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